sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Drogas, quando tudo sai errado


O homem até pode ser o animal mais racional do planeta, como vem sustentando há milênios alguns filósofos, mas, em determinados assuntos, que mobilizam medos profundos da espécie, conseguimos a proeza de fazer tudo absolutamente errado. Um caso notável dessa tempestade perfeita é a política de drogas.

Nos últimos 100 anos, o mundo embarcou na onda proibicionista, declarando guerra aos estupefacientes e prometendo livrar o globo da chaga da dependência.

Em termos econômicos, nunca fez sentido apostar na repressão. Por razões matemáticas bastante precisas, o tráfico é um delito contra o qual a atuação policial é pouco efetiva. Ao menos em teoria, o sujeito que vai cometer um crime faz uma análise de riscos e benefícios. Ele calcula a chance de ser preso e a sopesa contra o lucro esperado. O papel da repressão é elevar o risco de aprisionamento, de modo que o perigo para o bandido supere o prêmio presumido.

O sistema funciona relativamente bem para crimes como roubo a banco, nos quais o valor do benefício não é afetado pela ação da polícia. No caso das drogas, entretanto, a repressão aumenta o risco para o traficante, mas também a recompensa, pois os preços dos entorpecentes tendem a subir sempre que o cerco se fecha.

O resumo da história é que investimos bilhões de dólares em unidades de combate ao tráfico que são intrinsecamente ineficientes e ainda tendem a aumentar os lucros e o poder de aliciamento dos barões da droga.

E a conta das despesas está apenas começando. Aos gastos com polícia devemos acrescentar as verbas destinadas a tratamento médico para os dependentes --o que pelo menos vale como uma boa ação-- e aos presídios, cada vez mais apinhados de condenados por delitos relacionados a drogas.

Continue lendo: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2013/09/1347529-drogas-quando-tudo-sai-errado.shtml

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