domingo, 9 de junho de 2013

Moradores de rua fazem ‘camping’ em SP

 
 
 
A PRINCÍPIO QUERO DESTACAR OS DOIS ÚLTIMOS PARÁGRAFOS:
Eu discordo com aluguel social por muito tempo, pois o povo acabam por ficar dependente. O que essa população precisa é de tratamento médico, trabalho e salário. Já dizia meu pai: " Te dei a vara agora vá pescar".  Quanto as vagas em albergues adianta, desde que os albergues tenham como   prover cursos profissionalizantes, e tem muitos que tem mas são poucos os usuários que querem participar. Digo por experiência própria que dentro de um albergue é oferecido: estudos, trabalhos, cursos e muitos recusam.  Quanto ao que diz o Sr. advogado Martim de Almeida Sampaio no último parágrafo, eu digo que  muitos estão na rua porque querem, dizem que a família não o querem e quando entramos em contato com a mesma dizem que nunca fecharam as portas para eles, tanto que já fizemos esse trabalho por muitas vezes e os mesmos voltam para as ruas por falta das drogas ou regras da casa. O mesmo digo com relação a albergues (que está faltando albergue isso é fato), quando oferecemos vagas, os usuários se recusam dizendo "que lá tem muitas regras" e na rua eles tem liberdade.
Então o tratamento é fundamental para iniciar todo o resto. O que se precisa é de clínica para receber esse pessoal. O tratamento nos Caps  ‘’Centro de Atenção Psicossocial’’ vem dando certo,
a continuação do atendimento são as residências terapêuticas e essas sim, são necessárias e estão em falta.
Ana Maria da Luz
 
"É por isso que são necessárias outras respostas, outras políticas, como o prometido aluguel social. Não adianta criar vaga em albergue. São 16 mil pessoas nas ruas. Não dá para colocar todo mundo em albergue. Isso é simplista demais."

O advogado Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, diz que, apesar de o espaço ser público, a Prefeitura não pode tirar do cidadão o direito de buscar proteção, seja contra a chuva, o frio ou mesmo a violência. "É direito fundamental, de preservação à vida. Não dá para combatê-lo sem oferecer nada em troca."
 
 
Tiago Queiroz e Adriana Ferraz - O Estado de S. Paulo
 
Moradores de rua usam barracas em São Paulo - Tiago Queiroz/AE
Tiago Queiroz/AE
Moradores de rua usam barracas em São Paulo
 
Barracas de camping estão associadas a momentos de lazer e aventura, geralmente vivenciados fora dos centros urbanos. Em São Paulo, porém, moradores de rua passaram a adotar o recurso como forma de moradia. A estratégia, usada especialmente contra o frio e a chuva, pode ser facilmente observada nas ruas do centro, onde calçadas, canteiros e praças são tomadas pelas barracas durante a noite.
Com a mudança de gestão, e sob as ordens do promotor de Justiça Roberto Porto, a Guarda Civil Metropolitana deixou de recolher à força objetos usados pela população de rua, como colchões e cobertores - pelo menos na região central. A nova postura incentivou parte dos moradores a comprar ou trocar barracas entre si, apesar de a prática ser proibida pela Lei de Uso e Ocupação do Solo. Outros ganharam de associações que trabalham no centro. A Prefeitura ressalta, no entanto, que a montagem não está liberada.
Com a fiscalização afrouxada, três barracas surgiram na Praça do Patriarca, a poucos metros do gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT). "É para não passar frio", diz Vanderlei Marfil, de 42 anos. O ex-vigilante tem uma barraca azul modelo Nautika Panda 3. Foi comprada por R$ 92. A nota fiscal é guardada com cuidado para "mostrar para os homem", em referência a policiais militares.
A barraca azul de Marfil foi comprada há duas semanas. Antes, ele tinha uma pequena barraca laranja, que foi repassada por R$ 15 a Otílio Pires, de 52 anos, um colega da rua. "Consegui o dinheiro desentupindo ralo fedorento dos bares aqui do centro", conta Pires, que já trabalhou como agente funerário e fiscal de ônibus. Os dois são vizinhos. Montaram suas barracas lado a lado embaixo do "chapéu da Marta", como chamam a marquise construída na praça em 2002 pela então prefeita Marta Suplicy (PT).
Moda. Assim como Marfil e Pires, centenas de moradores de rua aderiram às barracas. Há modelos espalhados pelas Ruas Vergueiro, Direita, Quintino Bocaiuva, Pátio do Colégio e Avenidas São João, 23 de Maio e Sumaré. Alguns moradores viraram vendedores de barraca e propagaram a moda.
É o caso de Ricardo do Espírito Santo, de 28 anos, que vive entre as estações de metrô Vila Mariana e Ana Rosa, na zona sul. Em 2011, ele trabalhou como ajudante-geral na Campus Party, feira de tecnologia e, no fim do evento, ganhou 20 modelos. "O pessoal não sabia o que fazer com tanta barraca", diz, mencionando as moradias provisórias utilizadas para abrigar os participantes. "Fiquei com uma e vendi o resto por R$ 50. Fui eu quem espalhou o costume pelo centro", afirma (leia mais nesta página).
De lá para cá, porém, muitos perderam a barraca em ações da Polícia Militar e da Guarda Civil. Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, ressalta que a repressão policial diminuiu, mas não acabou.

"É por isso que são necessárias outras respostas, outras políticas, como o prometido aluguel social. Não adianta criar vaga em albergue. São 16 mil pessoas nas ruas. Não dá para colocar todo mundo em albergue. Isso é simplista demais."

O advogado Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, diz que, apesar de o espaço ser público, a Prefeitura não pode tirar do cidadão o direito de buscar proteção, seja contra a chuva, o frio ou mesmo a violência. "É direito fundamental, de preservação à vida. Não dá para combatê-lo sem oferecer nada em troca."

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,moradores-de-rua-fazem-camping-em-sp,1040294,0.htm

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