Minhas considerações do seminário
Trabalho com pessoas em situação de rua desde o ano de 2006.
Por que trabalho com essas pessoas?
Porque amo o que faço, me entrego a minha profissão, me descobri como
pessoa capaz de sentir a dor do próximo. A introdução do meu blog relata o que
sinto:
“Acredito piamente nas pessoas, por isso escolhi a área
social para atuar, pois acredito que a mesma associada a educação, cultura, credibilidade
e interação social, pode ser uma forma de proporcionar as pessoas a mudança que
almejam alcançar”.
O Seminário A Crise de Ocupação do Espaço Urbano, realizado
na Câmara Municipal de São Paulo, gostei e acho que deveria ter muito mais, mas
principalmente que alguns orientadores ocupem a mesa, pois somos nós que
estamos (fogo) com eles. Muitas foram as perguntas, e muitas sem respostas,
como:
_ Por que ele está na rua?
_ Vem pra rua que sentido trás para quem vive na rua?
_ Quem vive com os pobres?
_ Por que se estabelece território na rua?
- O que fazer se ele não quer sair da rua?
_ Será que preciso tirar essas pessoas da rua? Entre outras.
Ai fala-se da permacultura, como fazer a cidade ser produtora de alimentos, hortas
urbanas. Sito o que falo sempre:
Na faculdade é uma coisa, na vivëncia tudo é diferente, o
líder não é um líder é um chefe e por ai vai. Nós quando chegamos da rua,
depois de um dia de trabalho as ansiedades são muitas. A vontade de fazer algo,
de mudar aquela situação é muita para um orientador, mas, quando colocamos
nossas idéias, encontramos as limitações. Um(a) gerente que está presa as
burocracias da assistência social e nós que dependemos do gerente para dar
andamento a qualquer idéia, dessa forma vai tudo para a gaveta. Pergunto:
- Como fazer uma horta numa praça, em faróis, em viadutos?
Eu estou de licença médica, mas mesmo em casa busco mais e
mais conhecimento sobre o assunto, como diz Paulo Freire:
“ Continuo buscando, re-procurando. Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago.
Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar e anunciar a
novidade”. Paulo Freire
Sabe o que estou fazendo?
Jogando bolinha de gude com duas crianças no canteiro central da Av. Teotönio Vilela com a Av. Atläntica. Apesar da rua,das drogas ainda existe neles a criança. O que fazer?
E essa?
Uma india de parelheiros, que encontramos completamente debilitada e amarela. Levamos para um AMA lá mesmo, ficamos lá até ser transferida para um hospital e dias depois faleceu.
Esse?
Sabe do nosso carinho e dedicação por eles,me chama de mãezona, e no natal ou ano novo trago pra minha casa para almoçar com a família. Depois de muito tentar, agora ele tem RG, insisto o retorno para a família e diz: Não sei viver fora da rua, o que fazer por ele?
Não esquecendo meu parceiro Bruno, juntos fazíamos cada coisa linda. Esse usuário levou da parceira uma facada no pescoço, ficou entre a vida e a morte. Nós íamos todos os dias visitá-lo, por pedido já que nós éramos a referencia dele, oramos muito, até que um dia chegamos e ele com olho aberto, mas distante, conversamos muito com ele, chegamos em momento de refeição e era pedido para que nós o alimentasse. Nós o ensinamos a falar de novo, lindo quando ele nos reconheceu.
Assim é nossa entrega, mas infelizmente nos deparamos com a burocracia que nos proíbe de nos dá por completo.
Por nós orientadores, mais informações e curso de capacitação.
Ana Maria
Fotos do Seminário
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