A PRINCÍPIO QUERO DESTACAR OS DOIS ÚLTIMOS PARÁGRAFOS:
Eu discordo com aluguel social por muito tempo, pois o povo acabam por ficar dependente. O que essa população precisa é de tratamento médico, trabalho e salário. Já dizia meu pai: " Te dei a vara agora vá pescar". Quanto as vagas em albergues adianta, desde que os albergues tenham como prover cursos profissionalizantes, e tem muitos que tem mas são poucos os usuários que querem participar. Digo por experiência própria que dentro de um albergue é oferecido: estudos, trabalhos, cursos e muitos recusam. Quanto ao que diz o Sr. advogado Martim de Almeida Sampaio no último parágrafo, eu digo que muitos estão na rua porque querem, dizem que a família não o querem e quando entramos em contato com a mesma dizem que nunca fecharam as portas para eles, tanto que já fizemos esse trabalho por muitas vezes e os mesmos voltam para as ruas por falta das drogas ou regras da casa. O mesmo digo com relação a albergues (que está faltando albergue isso é fato), quando oferecemos vagas, os usuários se recusam dizendo "que lá tem muitas regras" e na rua eles tem liberdade.
Então o tratamento é fundamental para iniciar todo o resto. O que se precisa é de clínica para receber esse pessoal. O tratamento nos Caps ‘’Centro de Atenção Psicossocial’’ vem dando certo,
a continuação do atendimento são as residências terapêuticas e essas sim, são necessárias e estão em falta.
Ana Maria da Luz
"É por isso que são necessárias outras respostas, outras políticas, como o
prometido aluguel social. Não adianta criar vaga em albergue. São 16 mil pessoas
nas ruas. Não dá para colocar todo mundo em albergue. Isso é simplista
demais."
O advogado Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos
Humanos da OAB-SP, diz que, apesar de o espaço ser público, a Prefeitura não
pode tirar do cidadão o direito de buscar proteção, seja contra a chuva, o frio
ou mesmo a violência. "É direito fundamental, de preservação à vida. Não dá para
combatê-lo sem oferecer nada em troca."
Tiago Queiroz e Adriana Ferraz - O Estado de S. Paulo
Tiago Queiroz/AE
Moradores de rua usam barracas em São Paulo
Barracas de camping estão associadas a momentos de lazer e aventura, geralmente
vivenciados fora dos centros urbanos. Em São Paulo, porém, moradores de rua
passaram a adotar o recurso como forma de moradia. A estratégia, usada
especialmente contra o frio e a chuva, pode ser facilmente observada nas ruas do
centro, onde calçadas, canteiros e praças são tomadas pelas barracas durante a
noite.
Com a mudança de gestão, e sob as ordens do promotor de Justiça Roberto
Porto, a Guarda Civil Metropolitana deixou de recolher à força objetos usados
pela população de rua, como colchões e cobertores - pelo menos na região
central. A nova postura incentivou parte dos moradores a comprar ou trocar
barracas entre si, apesar de a prática ser proibida pela Lei de Uso e Ocupação
do Solo. Outros ganharam de associações que trabalham no centro. A Prefeitura
ressalta, no entanto, que a montagem não está liberada.
Com a fiscalização afrouxada, três barracas surgiram na Praça do Patriarca, a
poucos metros do gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT). "É para não passar
frio", diz Vanderlei Marfil, de 42 anos. O ex-vigilante tem uma barraca azul
modelo Nautika Panda 3. Foi comprada por R$ 92. A nota fiscal é guardada com
cuidado para "mostrar para os homem", em referência a policiais militares.
A barraca azul de Marfil foi comprada há duas semanas. Antes, ele tinha uma
pequena barraca laranja, que foi repassada por R$ 15 a Otílio Pires, de 52 anos,
um colega da rua. "Consegui o dinheiro desentupindo ralo fedorento dos bares
aqui do centro", conta Pires, que já trabalhou como agente funerário e fiscal de
ônibus. Os dois são vizinhos. Montaram suas barracas lado a lado embaixo do
"chapéu da Marta", como chamam a marquise construída na praça em 2002 pela então
prefeita Marta Suplicy (PT).
Moda. Assim como Marfil e Pires, centenas de moradores de rua aderiram às
barracas. Há modelos espalhados pelas Ruas Vergueiro, Direita, Quintino
Bocaiuva, Pátio do Colégio e Avenidas São João, 23 de Maio e Sumaré. Alguns
moradores viraram vendedores de barraca e propagaram a moda.
É o caso de Ricardo do Espírito Santo, de 28 anos, que vive entre as estações
de metrô Vila Mariana e Ana Rosa, na zona sul. Em 2011, ele trabalhou como
ajudante-geral na Campus Party, feira de tecnologia e, no fim do evento, ganhou
20 modelos. "O pessoal não sabia o que fazer com tanta barraca", diz,
mencionando as moradias provisórias utilizadas para abrigar os participantes.
"Fiquei com uma e vendi o resto por R$ 50. Fui eu quem espalhou o costume pelo
centro", afirma (leia mais nesta página).
De lá para cá, porém, muitos perderam a barraca em ações da Polícia Militar e
da Guarda Civil. Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, ressalta
que a repressão policial diminuiu, mas não acabou.
"É por isso que são necessárias outras respostas, outras políticas, como o
prometido aluguel social. Não adianta criar vaga em albergue. São 16 mil pessoas
nas ruas. Não dá para colocar todo mundo em albergue. Isso é simplista
demais."
O advogado Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos
Humanos da OAB-SP, diz que, apesar de o espaço ser público, a Prefeitura não
pode tirar do cidadão o direito de buscar proteção, seja contra a chuva, o frio
ou mesmo a violência. "É direito fundamental, de preservação à vida. Não dá para
combatê-lo sem oferecer nada em troca."
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,moradores-de-rua-fazem-camping-em-sp,1040294,0.htm